A revolução sexual e a pílula anticoncepcional, que deram liberdade às mulheres, já são assuntos do passado. A mulher evoluiu, ganhou o mercado de trabalho e equiparou-se intelectualmente ao homem. Apesar disso os problemas sexuais femininos estão longe do ideal de igualdade.
Embora a maioria das pessoas oculte socialmente seus problemas sexuais, a verdade é que, para muitos, a ausência de prazer nos jogos amorosos é motivo de frustração e vergonha.
Apesar de todo o avanço da ciência, o universo interior feminino com todas as suas riquezas, continua sendo um continente misterioso. Freud deu-lhe o nome de "Continente Negro". Os homens, mesmo sob as amarras do machismo, passam a vida toda tentando compreender e conquistar essas adoráveis criaturas, mas tudo o que conseguem é apenas tangenciar suas superfícies.
De forma genérica, o homem tem um condicionamento mais genitalizado que o favorece com respostas sexuais mais rápidas. Já as mulheres são muito diferentes. Seu rítmo é mais demorado e elas necessitam de estímulos mais fortes como carícias e elogios. Mas esta necessidade não pode ser confundida com alguma disfunção sexual.
Nas últimas décadas são muitos os estudos que tratam, com seriedade, o orgasmo feminino. O mais famoso deles, liderado por Edward Laumann, da Universidade de Chicago, concluiu que apenas 29% das mulheres se dizem capazes de atingir o orgasmo com seus parceiros. Mesmo para as mulheres que o conseguem, é bem mais difícil pela via de penetração do que por estímulo do clitóris. Muitas passam a vida inteira sem ter um único orgasmo pela penetração.
Quando existe amor, também existe preocupação de ambas as partes pela busca do prazer mútuo. Num relacionamento o sexo tende a melhorar com o tempo, mas para que isso aconteça é preciso que a mulher mostre do que gosta. Muitas não o fazem porque tem medo de ofender seus parceiros. Uma forma simples é direcionar o parceiro para as partes do corpo que lhe dão mais prazer. Quando a mulher não assume o seu "não-gozo" está sendo cúmplice do problema que a frustra. Orgasmo tem muito a ver com a situação do momento, estado de espírito e condições de saúde. O "não-orgasmo" tem a ver també com problemas domésticos, cansaço físico, problemas financeiros. Nessas horas não deve ser atribuído à incompetência de um ou do outro. Essas questões influenciam e é preciso perceber e conversar para que não vire um problemão. Na verdade os homens querem a igualdade de orgasmo. Para eles, fazer a mulher gozar é motivo de orgulho. Todo homem acha que é bom o suficiente para fazer uma mulher ter ótimos orgasmos e é muito frustrante quando ela não chega ao gozo. Isto acontece pelo próprio machismo que ainda é muito forte. Mais frustrante ainda é quando ele percebe que a parceira fingiu. Fingir orgasmo é muito comum entre as mulheres, mas não é legal.
Ao contrário dos homens, as mulheres precisam aprender a ter orgasmos e com carinho é mais fácil chegar a esse prazer. O homem geralmente não tem
conhecimento disso e quando tem não dá muita importância.
Por outro lado, a mulher não deve se condicionar só às vontades do homem como se fosse apenas um receptáculo de esperma. Ela também precisa ter iniciativa e guiar seu parceiro de acordo com seus desejos.
A sensação de prazer sexual é mental e, portanto, está localizada no cérebro. Os órgãos sexuais são apenas instrumentos que a viabilizam. Durante o ato sexual os órgãos e o cérebro dos dois parceiros trocam informações nervosas e substâncias químicas. É preciso se deixar levar por essas sensações para atingir o pleno orgasmo.
Muitas mulheres, por não gozarem, pensam que são frígidas. As causas orgânicas da frigidez são raras e, apesar de toda a fantasia que povoa a imaginação, orgasmo continua sendo simplesmente fricção. Por essa razão é mais fácil, para elas, ter orgasmos clitorianos e isso elas podem conseguir com masturbação e até com amigas íntimas. Talvez seja esse o motivo porque muitos estudiosos consideram que existem mais mulheres homossexuais doque frígidas. A frieza das descrições científicas sobre o assunto traz, para muitas mulheres, uma espécie de contraste da própria frigidez e isto não é bom porque deixa de ser observada a existência de um orgasmo menos objetivo, provavelmente da união de duas pessoas ligadas pelo amor, pela existência em comum, por seu projeto de ser feliz e, portanto, por seus gestos não técnicos.